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domingo, 23 de janeiro de 2011

Uma nova grafia

 

As regras para a unificação da forma de escrever em português já estão em vigor. Professores de todas as disciplinas, preparem-se!

Beatriz Santomauro (bsantomauro@abril.com.br) e Beatriz Vichessi
Os romances editados no Brasil raramente são lidos em Portugal. Da mesma forma, as produções literárias de lá têm pouco mercado por aqui. Em Moçambique e Angola, países africanos que também falam o português, as edições impressas tanto no Brasil como em Portugal não circulam entre a população. Apesar de todos esses países usarem o mesmo idioma, nem sempre é fácil para o habitante de um deles entender o texto escrito no outro – porque, além das diferenças culturais, existem as variações na maneira de grafar as palavras, aqui e do outro lado do Atlântico.

A unificação da ortografia da Língua Portuguesa, anunciada com alarde pelo Ministério da Educação (MEC) no ano passado, promete acabar com parte desse cenário de desencontros. A partir do mês de janeiro, os habitantes de quatro nações (Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Portugal) passam a seguir as mesmas regras para escrever, definidas por um novo acordo ortográfico. Os outros quatro integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste) aguardam a aprovação formal do tratado para também adotar as regras – o que deve ocorrer nos próximos meses.
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O governo brasileiro definiu que as mudanças entraram em vigor no dia 1º de janeiro de 2009 – mas o uso da grafia antiga (em livros e outras publicações, além de vestibulares, provas e concursos públicos) está liberado até o fim de 2012. Os especialistas acreditam que esses quatro anos são mais do que suficientes para que nós, usuários da língua, nos acostumemos às novidades. Calcula-se que, no Brasil, 2 mil palavras sofrerão alterações, ou seja, 0,5% do total. De forma muito resumida, as mexidas são no trema (que deixa de existir), nos acentos (há várias alterações previstas) e no hífen (que também tem diversos casos específicos).

“É importante ressaltar também que o acordo não interfere na língua falada. Cada uma das nações de Língua Portuguesa mantém seus padrões de entonação e pronúncia. Essa diversidade de sotaques não será abalada. Por isso, a adaptação não deve ser tão difícil para quem escreve com frequência”, afirma Irandé Antunes, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Estadual do Ceará. Além disso, o acesso a materiais escritos é maior do que há algumas décadas e tanto os principais jornais do país (como O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo e Extra) quanto a maior editora de revistas (Abril) – já adotaram as normas da nova ortografia.

Reflexão sobre a língua e um bom dicionário

Apesar de o jeito de escrever já ter mudado, o tempo relativamente longo de adaptação faz com que nem todos os livros didáticos e materiais impressos disponíveis para os alunos tenham a grafia nova (e essa situação deve perdurar). A convivência com palavras escritas de duas formas diferentes pode provocar alguma confusão entre os estudantes recémalfabetizados ou mesmo nos que dominam bem algumas regras da língua escrita. Por isso, professores de todas as disciplinas precisam conhecer as mudanças para ajudá-los a revisar textos e ter sempre bons materiais de consulta para usar quando aparecerem dúvidas (leia no quadro abaixo mais detalhes sobre o Manual da Nova Ortografia, produzido por NOVA ESCOLA).
E que estratégias os educadores podem adotar em sala de aula neste momento? Infante sugere usar cartazes e outros recursos de memorização, além de um bom dicionário (leia no quadro abaixo como introduzir as novas regras na escola). Mas ele chama a atenção para o foco. “O fundamental no ensino de Língua Portuguesa continua sendo o uso dos textos no mundo social.”
Voo tranquilo na sala de aula
Os especialistas são unânimes em dizer que é desnecessário separar um tempo específico para trabalhar a nova ortografia na escola, mesmo em turmas já alfabetizadas. As regras devem ser objeto de reflexão e discussão somente durante atividades de re-escrita e de revisão de texto que estarão previstas no planejamento. Confira algumas sugestões que podem ser incorporadas à rotina escolar.

• Peça que os alunos escrevam cartazes com as palavras que eles mais usam cuja grafia foi alterada. Deixe o material exposto na sala.

• Organize a produção coletiva de um manual com as novas regras, acompanhadas de exemplos. Assim os estudantes terão outro material de consulta sempre à mão. É importante que todos participem da elaboração.

• Combine com a turma o período em que a grafia antiga será aceita e quando ela passará a ser considerada incorreta. O prazo deve ser estabelecido quando você perceber que todos já incorporaram as mudanças.

• Planeje momentos para apontar e comentar as alterações – mas sem se desviar do conteúdo previsto para trabalhar. Durante a leitura de um determinado texto, se surgir a palavra geleia grafada da maneira antiga (geléia), incentive os alunos a justificar o "erro”, descobrindo, por exemplo, quando o livro foi impresso.

• Identifique o acervo da biblioteca com etiquetas que informem os exemplares publicados com a grafia antiga, como se pode ver na foto abaixo.


E não esqueça: desde já, use as novas regras para escrever comunicados para os pais e alunos e também para produzir todo o material exposto nas paredes da escola (exatamente como você está lendo nesta reportagem).
 Crianças em processo de alfabetização serão as menos afetadas. Isso porque nas séries iniciais ainda não há um trabalho sistemático com acentuação nem com o uso do hífen – que são os dois principais grupos de mudanças do novo acordo. “Nesse momento, os pequenos se preocupam com outros aspectos da ortografia. Quando chegarem à fase de refletir sobre acentos circunflexos e agudos, as regras novas certamente já estarão mais consolidadas e será mais simples as colocarem em prática”, afirma Clécio Bunzen, coordenador do curso de pós-graduação em Alfabetização e Letramento da Universidade de Jundiaí, na Grande São Paulo.

Se os estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental tiverem mais dificuldade, atividades de revisão e pesquisa em dicionários são suficientes para que eles passem a dominar todas as mudanças gradativamente. “O mais importante é entender e desenvolver procedimentos de escrita considerando os ajustes necessários para produzir um texto de qualidade em função dos objetivos e dos leitores para os quais ele se destina”, completa Kátia. As regras só devem ser o tema das aulas nos momentos em que as questões ortográficas forem o foco da revisão. Isso significa que, além de escrever corretamente sempre, o professor também precisa saber o momento de tornar a ortografia objeto de reflexão e colocá-la em foco nas atividades.

A terceira mudança oficial do português no Brasil

Alterações na ortografia não são novidade no Brasil. Em 1943, foram realizadas as primeiras mudanças oficiais. Na época, nossa língua escrita era mais próxima da de Portugal, mas diferente da utilizada oralmente no dia-a-dia. Então, ficou decidido que alguns dos usos locais seriam norma, como dita o Formulário Ortográfico da Língua Portuguesa: “Está registrada a inclusão dos brasileirismos consagrados pelo uso e a substituição de certas formas usadas em Portugal pelas correspondentes formas usadas no Brasil”.

Durante o governo do presidente Emílio Garrastazu Médici, em 1971, ocorreu a segunda reforma. O período de transição foi de dois anos, pois eram poucas as alterações. O trema nos hiatos átonos (como em vaïdade) foi abolido. Também saíram de cena o acento circunflexo diferencial nas letras e e o das palavras escritas da mesma maneira, mas com sons diferentes (como a conjugação do verbo almoçar na primeira pessoa do singular e o substantivo almoço e a letra “ele” e o pronome pessoal êle) e os acentos circunflexo e grave dos vocábulos com os sufixos mente ou zinho e derivados de palavras que eram acentuadas (tênuemente, sòmente e cafèzinho, que tinham na raiz as palavras tênue, só e café).

Nessa época, Odilon Soares Leme era professor do Ensino Médio do Instituto Mackenzie, em São Paulo. Ele lembra que as mudanças facilitaram a escrita, embora as regras causassem dúvidas e algumas surpresas. “Sempre me recordo de uma questão sobre a acentuação da palavra alcachofra. Até então, ninguém sabia que ela precisaria ser acentuada – pela regra que deixava de existir – porque havia uma homógrafa com outra entonação: a conjugação do verbo alcachofrar, que significa ‘tornar crespo’, na terceira pessoa do singular do presente do indicativo.”

Lucia de Brito Salgado Gomez, que hoje leciona para turmas de Ensino Fundamental e Médio no Colégio Militar do Rio de Janeiro, nos anos 1970 dava aulas no antigo supletivo, atual Educação de Jovens e Adultos. Ela também guarda na memória situações inusitadas: “Embora tenha sido uma transição tranquila, alguns colegas teimavam em tirar os acentos de todas as palavras. Imagine a confusão que os alunos fizeram com isso! Lembro-me de um menino que tentou me convencer de que você não levaria mais circunflexo”, diz, divertindo-se.

Na pele de aluna da 5ª série, Rosalie Bin, hoje docente da EE Professor Benedito Gomes de Araújo, em Santo André, na Grande São Paulo, não tem na lembrança um cenário de “confusão” por ter de escrever de maneira diferente daquela com que tinha sido alfabetizada. Contudo, ela afirma que agora sim terá algumas dificuldades. “As regularidades antigas estão gravadas na minha memória. Terei de prestar mais atenção ao redigir e certamente levarei algum tempo para me adaptar por completo.”
Quase 20 anos de discussão antes do consenso

Foram muitos anos – mais precisamente, 18 – de muito trabalho e discussão para chegar a um acordo que permitisse à Língua Portuguesa ter apenas uma grafia (era provavelmente o único idioma a ter duas normas oficiais). O principal objetivo das mudanças é mesmo econômico: facilitar a integração comercial entre as nações. Mas é claro que elas também abrem as portas para o intercâmbio científico e cultural, já que a comunicação fica muito mais fácil e caem os custos de produção e adaptação de material impresso. O português é a sexta língua mais usada do mundo, com 230 milhões de falantes (está atrás do mandarim, do inglês, do espanhol, do hindu e do árabe). “A circulação de livros entre os países pode proporcionar o maior contato com a cultura escrita”, aposta Godofredo de Oliveira Neto, presidente da Comissão da Língua Portuguesa, órgão ligado ao MEC responsável pela implementação do novo acordo ortográfico. “Num mundo formado por blocos, o lusófono pode ser mais um deles.”

As conversas para unificar o idioma começaram entre Portugal e Brasil em 1990. Desde então, diversas reuniões foram realizadas e os outros países que têm o português como seu idioma oficial passaram a participar do debate. Embora Portugal tenha tomado a iniciativa, o país foi um dos que mais resistiram às mudanças, pois a quantidade de alterações lá é bem maior do que aqui: cerca de 10 mil palavras. Para nossos vizinhos d’além-mar, acção, acto e baptismo passam a ser grafadas como no Brasil: ação, ato e batismo.
Reportagem sugerida pela leitora

BARBARA VIEIRA DE SOUZA, Curitiba, PR
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novaescola@atleitor.com.br

Consultoria Cleuza Bourgogne, diretora pedagógica da Escola Móbile, e Elaine Rissato, coordenadora pedagógica da EMEF Olavo Pezzotti, ambas de São Paulo.

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