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sábado, 22 de janeiro de 2011

Textos Infantis


A Terra dos Anões.

Marlene B. Cerviglieri
  
Existe num lugar muito distante, a terra dos anões. Gostaria que você me acompanhasse para juntos chegarmos até lá. Feche os olhos suavemente sem apertá-los como se você fosse dormir. Procure deixar a boca meio entreaberta para ajudar na sua respiração.E agora vamos lá! Veja uma enorme floresta de árvores frondosas cheias de plantas tudo muito verde.

Ao redor disto tudo a neblina vai chegando. Sua cor é lilás, muito suave quase azul. Os raios do sol insistem em filtrar esta neblina, estendendo-se até o chão... Isto tudo junto nos dá a sensação de muita paz e muito silencio. Ouça os pássaros o rufar das folhas das árvores! Ouça o silencio que vai invadindo tudo. Assim relaxado você vai ouvir a história da terra dos anões.
Sentadinho embaixo de uma das árvores estava um anãozinho todo enroladinho, pois sentia frio embaixo de toda aquela neblina. Havia dormido algumas horas e quando despertou até assustou-se. Quanto tempo estaria ali? Mas o sol ainda estava teimando com a neblina, então não seria tão tarde assim. Seu nome era Igor e era ainda um menino. Muito pequenino, ainda iria crescer mais um pouco. Gostava de dar estes passeios no meio da floresta, embora às vezes sentisse um pouco de medo.
Levantou-se e com uma varinha na mão começou a vasculhar ali por perto. A vegetação era bem fechada, mas dava para se ver o chão. Raspa aqui e acolá, olha para as árvores tão altas para ele, até que de repente sua varinha bate numa coisa muito dura no chão... Deu um salto, e com cautela foi chegando para ver o que havia ali. No chão como que plantada havia uma espécie de tábua.
Ora, ora, que seria aquilo?
Muito curioso e cheio de idéias achou uma maneira de levantar a tal tábua. Força e mais força e nada da tampa sair... Resolveu cavoucar ao redor da tábua. E foi assim depois de muito tempo, que percebeu que havia resolvido o problema.
E agora tiro ou não?
O que será que está ai dentro?
Cheio de curiosidade e com um pouco de medo também, resolveu remove-la. Foi puxando de lado um de cada vez, puxando...
Pronto saiu toda!
Era um buraco!
E agora entro nele?
Mas está escuro lá no fundo...
Ficou sentadinho na beira do buraco, quando então começou a ouvir um barulho que vinha do fundo. Prestou bastante atenção e concluiu;
É o mar? Mas dentro de um buraco!
Estava tão curioso que entrou buraco adentro escorregando até o final... E, caindo numa enorme poça de água. Estava em outro lugar. Havia muitas caixas pedras diferentes parecia um depósito.
Vasculhou tudo que podia, pois o lugar era escuro. Conseguiu ver o conteúdo de algumas caixas... Estava deveras alarmado muito surpreso. Nada era como em sua terra, tudo era muito grande! 
Onde estaria então? Na terra dos gigantes, seria?
Muito assustado voltou com dificuldade para a floresta. Colocou a tábua quase que no lugar, pois era pesada. Iria contar para seus pais o achado e com ajuda poderiam ver melhor tanta coisa que havia lá em baixo. Voltou para casa sujo e estava  cansado. Sua casa era como as outras pequeninas de acordo com o tamanho e as  necessidade deles. Contou ao pai o que havia acontecido. Para sua surpresa o pai não se alarmou.
Diga meu filho, você esta precisando de alguma coisa?
Não meu pai.
Você foi mexer onde não devia.
Há muitos anos atrás, existia ali uma comunicação com a terra dos gigantes. Foi penoso para nós, vivermos sempre nos escondendo sem termos o nosso chão. Hoje vivemos aqui e temos tudo que precisamos. Aquela terra foi soterrada pela natureza, nem sabemos se os gigantes ainda vivem. Só que eles não poderão subir pelo buraco que é muito estreito, e nós não devemos descer, pois não poderíamos trazer nada para cá, e nem precisamos!
Colocamos aquela tábua como um marco, para lembrar-nos que existiu o perigo um dia. E assim a paz voltou ao coração de Igor que já estava imaginando mil coisas sobre o tal buraco. Como é bom poder dormir embaixo da árvore, ver o sol brincar com a neblina... Para que procurarmos aventuras que depois irão nos tirar o sossego!
Chamou os amiguinhos e formaram uma turma bem grande, iria para a floresta procurar os ninhos dos pássaros e frutas silvestres, acender uma fogueira e brincar muito, muito mesmo e com muita paz. Continue relaxado, não entre no buraco não... Volte para a floresta e apanhe uns raios do sol, veja a turma de Igor brincando. Brinque também, afinal você está na terra dos anões...


O Fio do Novelo

Ficava no cesto das lãs todo enroladinho no meio de agulhas e óculos. Era um novelinho de lã azul cor do céu muito lindo, mas muito triste também. O que acontecia com o novelinho de lã? Vou contar para vocês. Toda vez que o gatinho Joli podia entrar onde o cesto de lãs estava, era um estrago. Dava patadas no novelinho quase estraçalhando tudo. 
Será que queria brincar? Quando ia embora o novelinho estava todo enrolado parecendo um pom pom. Pom pom é uma bolinha que se faz com lã. Ali ficava o novelinho esperando que alguém viesse e o enrolasse novamente. Isto não é vida pensava o novelinho. Preciso encontrar um jeito de não mais passar por isso.
Não faço nada para ele, gostaria apenas de brincar com ele! Assim foi passando o tempo quando um dia dona agulha que era muito esperta ,e já havia visto a brincadeira nada cordial do gatinho Joli, disse ao novelinho:
Gostaria de dar uma idéia para você.
Claro, claro diga dona agulha.
-Bem, porque você não se prepara para enfrentar o gatinho?
-Mas como deverei fazer dona agulha?
-Simples meu caro.
Desenrole um bom pedaço do seu fio de lã, deixe uma pontinha para fora do cesto.
Sim, sim disse o novelinho e aí?
Deixe que o Joli chegue e comece a brincar só com esta ponta.
-Mas ele vai querer me tirar do cesto também!
Não vai não se você der a ele o fio para brincar e enfrenta-lo dando um basta!
Mas como farei isto dona agulha?
-Quando ele avançar para você, mostre a ele o fio que você já lhe deu.
Converse com ele com bondade mostrando que não é para maltratar e sim brincar.
Será que dá certo dona agulha?
Tenho certeza caro novelinho.
Nunca deixe ninguém maltrata-lo e se tentarem faze-lo, mostre a eles tua bondade e carinho, assim sendo você terá o respeito deles.
Não permita que ninguém abuse de você fazendo o que te fere ou mesmo agredindo você.
Se não conseguir com boas maneiras e palavras, então leve ao conhecimento de alguém que possa te ajudar.
Entendeu novelinho?
Sim dona agulha vou tentar.
E o novelinho fez o que aprendeu, e para seu espanto o gatinho Joli somente brincou com o fio estendido.
Mas o novelinho estava preparado para o que viesse.
E você sabe se defender?
Acho que aprendeu não é mesmo?Não permita que ninguém maltrate você.
Não deixe que te façam mal algum, fique sempre alerta, mas procure ser amigo e cordial, nada de violência certo?
Ninguém poderá ferir você, nem você mesmo.
Até a próxima!

Marlene B. Cerviglieri

O Tapete Mágico

Marlene B. Cerviglieri

Na casa não havia ninguém. Fui entrando meio assustado quase que na ponta do pé. O que teria acontecido, todos se foram? Tentei soltar um olá, mas ficou preso na minha garganta. Pensei: Não estou com medo apenas surpreso pois esperava  encontrar todos ali. Sentei-me na soleira de uma das portas, e com as mãos amparando meu queixo comecei a pensar no que fazer...
Quietinho ali e sozinho, comecei a ouvir os ruídos da casa também. Não sabia que casas têm tanto barulho mesmo sem ninguém. Vinha do teto, do chão e não sei de onde mais. Prestando bem atenção deixando o medo de lado, pois ele só atrapalha, consegui perceber que eram os encanamentos que faziam o tal barulho. E o outro tipo vinha do telhado que rangia.Lembrei-me que meu avô sempre me dizia, nunca sintas o medo.Vai ver onde ele esta.
E assim vasculhei cada cantinho da casa e pude saber de onde todos os barulhos vinham. Cansado que estava e já com uma pontinha de fome, deitei-me no chão em cima de um velho tapete que ali estava. Olhando o teto, via uns lampejos de luz. Adormeci. Voei para bem longe dali num campo muito verde embaixo de um céu muito azul.
Nossa como era bom voar assim. Sentia o vento em meu rosto e podia ver tudo lá em baixo. Corri por vários parques, brinquei em muitos lugares, senti chuva vi o sol e me sentia muito contente. Voando assim pelo céu, encontrei um dragão muito grande que me perguntou de onde eu era. Lá de baixo, respondi com um pouco de dificuldade para falar.
- E você, dragão?
- Das cavernas aqui de cima. - respondeu.
- Estou com um pouco de fome. - disse eu. Será que há alguma coisa que eu possa comer?
- Sim. - disse ele.
E me trouxe uns ovos enormes que não cabiam em minhas mãos.
- Como vou comê-los? Perguntei.
- Ora menino, comendo! - e se foi.
Tentei abocanhar o grande ovo, mas nada. Continuei tentando e a fome aumentando. De repente...Bum, caí do tapete e comecei a ir em direção ao chão lá embaixo.

- Alguém me acuda! - gritava eu.

Quando senti uma mão no meu ombro estava no chão...E no chão da casa de meu avô, e ao meu redor todos riam.

- O que aconteceu? - perguntaram.

Eu, eu estava no tapete mágico. - disse. O que aconteceu realmente?
- Bem, adormeci em cima do tapete e ele voou comigo para bem longe.
O dragão era o bichano que me encontrou dormindo no seu tapete. Todos riram e eu fui comer, pois a fome era tanta, adivinhe o quê? Ovos é claro!


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