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domingo, 30 de janeiro de 2011

O FANTÁSTICO E A CULTURA: LITERATURA COMO PONTO DE PARTIDA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM E PARA DESPERTAR O INTE-RESSE PELO CONHECIMENTO

O FANTÁSTICO E A CULTURA: LITERATURA COMO PONTO DE PARTIDA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM E PARA DESPERTAR O INTE-RESSE PELO CONHECIMENTO
RESUMO:
Com o tempo e as facilidades tecnológicas, a maioria das pessoas acabou perdendo o interesse em ouvir e contar histórias. Entretanto, os contos permeiam a cultura desde a formação dos povos. Este trabalho tem como objetivo um resgate das lendas da região e sua utilidade como ponto de partida para o entrelaçamento entre as diversas disciplinas curriculares e dos temas transversais através da investigação de contos orais que sobreviveram ao tempo e às condições adversas que estão expostos, privilegiando a figura do lobisomem. Acreditamos que, para que esta cultura folclórica não se perca, é necessário resgatar, compilar e, porque não, recontar essas narrativas antes que caiam no esquecimento. Da mesma forma, sugerimos utilizá-la como ponto de partida para o ensino e a pesquisa. Através das teorias presentes na bibliografia, procuramos resgatar parte dos contos orais compilando alguns deles, mostrando prática comum de autores europeus. Nesse contexto, percebemos a importância das narrativas, pois os textos se tocam e emprestam novas vozes ao discurso, possibilitando uma abordagem diferenciada e interessante àqueles que aprendem. Acredita-se na relevância da realização dessa pesquisa, visto que, além da análise presente, procura-se promover a preservação de aspectos folclóricos através das narrativas recolhidas, que podem ser compiladas e recontadas como tentativa de sua perpetuação para as gerações futuras.

PALAVRAS-CHAVE:
Palavras-chave: literatura, folclore, resgate cultural, ensino-aprendizagem.

1 ONDE TUDO COMEÇOU
Em um passado não muito remoto, avós eram verdadeiras contistas quando, à bei-ra da cama dos netos, transmitiam-lhes, de maneira oral, contos que aprenderam de seus ante-passados. Desta maneira, muito da cultura popular foi preservada.
A origem dos contos remonta às raízes da formação dos povos, pois são encontra-dos em todas as culturas, no mundo inteiro. Muitos dos contos da região sul vieram com os colonizadores europeus, outros são do folclore indígena que, posteriormente, foram incorpo-rados à nossa cultura, também enriquecida pelos negros, que trouxeram consigo histórias do continente africano.
Contudo, a imensa quantidade de informações às quais as pessoas estão expostas atualmente fez com que a maioria delas, desde crianças, adolescentes e mesmo os adultos, perdessem o interesse por essas histórias.
A memória folclórica dos povos serve, até a atualidade, de base para a criação e recriação literária, filmográfica e musicográfica, sem mencionar a própria propaganda que, muitas vezes, recorre a elementos folclóricos. Dele desenvolveram-se inúmeras idéias, algumas preservando, outras relendo e, ainda outras, trazendo novidades.
Podemos citar como exemplo a obra de Joanne Katerinne Rowling, autora do fe-nômeno Harry Potter. Professora de Literatura, a autora utiliza-se de inúmeros elementos do imaginário inglês, muitos dos quais aparecem de maneira idêntica na obra de outro grande es-critor conterrâneo de Rowling, John Ronald Reuel Tolkien, cuja obra inclui O Senhor dos Anéis, também transposto para as telas do cinema com enorme sucesso. Mas não apenas a obra de Tolkien possui elementos mostrados na saga de Harry Potter. As Crônicas de Nárnia, do irlandês Clive Staples Lewis possivelmente também serviram de inspiração para Rowling, pois até mesmo nomes e características das personagens d’As Crônicas são recorrentes na obra da autora.
Pouco se têm registrado dos contos orais, principalmente na região sul e tal fato por si só já justificaria uma pesquisa para resgate cultural. Recontar, romancear, emprestar nova roupagem a esses contos para sugerir a perpetuação da memória cultural busca, de forma atraente, oferecer leitura contemporânea. Contudo, o que deve culminar com o fechamento deste trabalho é o interesse por conhecê-los e, para tanto, o processo de ensino-aprendizagem mostra ser um novo caminho.
2 O FANTÁSTICO E A PESQUISA
O fantástico consiste, muitas vezes, no desenvolvimento de mitos ou lendas, numa evolução histórico-linguística da tentativa de explicar aquilo para o que não há entendimento ou há crença.
Tomemos por base o mito grego de Prometeu que, na tentativa de explicar o domí-nio do fogo pelo homem, atribui àquele personagem o roubo deste aos deuses e a entrega aos humanos, rotulando-o, ao longo da narrativa, de inconsequente. Da mesma forma, lendas so-bre homens que se transformam em feras, como o lobisomem, nasceram do terror e do desco-nhecimento acerca de uma rara moléstia chamada hipertricose .
Um dos objetivos deste estudo é preservar as narrativas orais na região onde a pes-quisa foi desenvolvida e, além de difundir a cultura regional, usar os contos como ponto de partida para o estudo interdisciplinar e de temas transversais, o que justifica o presente traba-lho.
O trabalho foi desenvolvido em escolas de Ensino Básico solicitando aos alunos a entrevista com pessoas idosas buscando as narrativas orais passadas de geração para geração, hábito que vem se perdendo em razão do crescente interesse em tecnologia e modos de diver-são alternativos oferecido pela civilização moderna: dificilmente uma criança prefere ouvir uma história contada por alguém mais velho a assistir TV ou divertir-se com jogos eletrônicos, como um vídeo game, ou mesmo um jogo pela rede mundial de computadores.
Após a entrega dos trabalhos, os mesmos foram compilados possibilitando o acervo de mais de vinte histórias, as quais foram repetidas por diferentes indivíduos nas várias cidades onde a pesquisa foi desenvolvida, apresentando ligeiras variações. Comprovamos, na prática, que as mesmas histórias têm diferentes versões, sendo praticamente impossível traçar seu local de aparecimento. Robert Darnton, em O Grande Massacre de gatos, traça o cami-nho de muitas histórias que são nossas velhas conhecidas. O diferencial estava por conta dos narradores, que “adaptavam o cenário de seus relatos ao seu próprio meio, mas mantinham inatos os principais elementos, usando repetições, rimas e outros dispositivos mnemônicos” (1986, pp. 30-31).
Entre as várias histórias, foi eleito um dos contos que envolvem a figura do lobi-somem, cujo resumo compõe o anexo deste trabalho. A fundamentação teórica apresenta uma pesquisa sobre as origens da lenda e sua explicação científica com a descoberta da causa. Uma pequena sugestão de articulação entre as disciplinas curriculares e temas transversais também estão presentes.
As informações foram analisadas à luz de diversos autores, inclusive de nomes consagrados na literatura mundial, como J.R.R. Tolkien, C.S. Lewis e J. K. Rowling. No Bra-sil, poucos foram aqueles que se dedicaram à compilação de nossas lendas, mitos e contos orais, contando com nomes como Câmara Cascudo e Franklin Cascaes; o primeiro mais atento ao Norte e Nordeste do país, o segundo atendo-se apenas à ilha de Santa Catarina, a capital do Estado, Florianópolis.
Tais trabalhos não contemplam, portanto, outras paragens, as quais necessitam de profissionais neste empenho, pois, caso os irmãos Jacob e William Grimm não tivessem com-pilado narrativas em sua época, jamais teríamos conhecimento de contos que fazem parte da cultura universal, como a Chapeuzinho Vermelho ou a Bela Adormecida.
Acreditamos, portanto, que os contos folclóricos que tinham por objetivo ensinar valores podem, atualmente, proporcionar o ponto de partida de estudos e pesquisas de diver-sas disciplinas e temas, como poderemos ver posteriormente.
Atualmente a tríade quadro-giz-professor está mais que superada. Crianças apren-dem a operar máquinas, participar de jogos eletrônicos sem que ninguém os ensine. A tecno-logia consiste em poderoso atrativo. Então, como despertar a atenção e o interesse de alunos – não importa a faixa etária – para os conteúdos obrigatórios do sistema de ensino?
Coelho (2000, p.57) afirma que as relações entre sujeito e objeto são o nervo central da crise do conhecimento. Promover esta relação entre sujeito e objeto de maneira provocativa, sem dissociar elementos presentes nas diversas disciplinas, pode efetivar o processo de construção de conhecimento de maneira diferente, como um novo conhecer. Os meios de expressão são de suma importância, e neste caminho a interdisciplinaridade mostra-se como uma terceira via, um caminho para o conhecimento do real a partir do imaginário, que pode ser traçado através do resgate da cultura oral, escrita e ilustração das histórias.
Todos ainda guardamos a curiosidade da infância onde o novo, o desconhecido, o mágico e o fantástico exercem, sobre nós, extremo fascínio. Desta forma, acreditamos no fan-tástico como ponto de partida não apenas para os estudos, mas para despertar a curiosidade pela pesquisa.

3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Foram revisados, durante o desenvolvimento do trabalho, diversos conceitos per-tinentes ao objeto de estudo, desde folclore, cultura, conto, gêneros narrativos, elementos tex-tuais, entre tantos outros, buscando um norteamento que não possibilitasse dispersão.
Contudo, o que mais impressiona é a afirmação de João Alfredo de Freitas, na An-tologia do folclore brasileiro, organizada por Câmara Cascudo (1965, pp. 52,53), onde diz que
Quem estudar a natureza humana verá, necessariamente, que quanto menor é o grau de adiantamento de povo tanto maior é o poder impressionista e ilusório que o domina. (...) A ilusão exerce um poderio tão enérgico sobre a imaginação do homem inculto, que o faz conceber um terror invencível por certos fatos que o impressionam. (...) A impressão, como a ilusão, influi diretamente sobre o poder imaginativo, e daí as concepções obstinadas que abatem o espírito humano, e daí a constante transfiguração dos fatos. (...) o espírito humano é muito suscetível à impressões que, nele calando, se tornam firmes, imbatíveis como inscrições nas campas.

É fato que o autor viveu em outros tempos. Se analisarmos a natureza de nossos estudantes, veremos que pouco os impressiona. Quem pode voar num jogo eletrônico ou con-versar com amigos do outro lado do mundo através do computador com uma câmera de vídeo acoplada ao equipamento pouco se impressiona ou ilude a ponto de dominação. Todavia, a impressão influi sobre o espírito imaginativo e o docente pode aproveitá-la em seu trabalho.
Atendendo às teorias de interdisciplinaridade, sente-se a necessidade de anunciar a literatura, concretização da tradição oral, como um elemento norteador e unificador, que inte-raja as diversas disciplinas das grades curriculares de ensino, podendo ser utilizada como pano de fundo para a educação. Na concepção deste trabalho, o elo entre as disciplinas pode acontecer a partir do resgate de contos orais, perpetuando nosso folclore e, entendemos, seja capaz de integrar as mais diferentes áreas do conhecimento.
A literatura é um verdadeiro ‘fio de Ariadne’1 no labirinto atual do ensino, pois aparece como disciplina ideal para ser utilizada como eixo organizador em currículos e cursos. A partir dela, pode-se fazer um trabalho interdisciplinar, pois o clima ficcional cita elementos que poderão ser utilizados nos diversos conteúdos de disciplinas.
Segundo Nelly Novaes Coelho, uma das importantes pesquisadoras da literatura em nosso país, citando Edgar Morin, aborda a literatura como um mundo aberto às múltiplas reflexões, dependendo da seleção das obras. Pode-se chamar a literatura de ciência do imagi-nário que indica caminhos, transformando o labirinto da educação em vias de comunicação. “... as aulas, de meramente expositivas e informativas, passam a serem interativas, dialogadas e provocativas da curiosidade e atenção dos educandos” (COELHO, 2000, pp. 21 e 22).
Acreditamos, assim, que nada é mais provocativo da curiosidade que uma história que pode abordar, de maneira direta, os elementos ficcionais e o conteúdo disciplinar.
Podemos utilizar-nos de um exemplo bem-sucedido no despertar da curiosidade e da pesquisa: Santos Dumont, o maior inventor brasileiro, era fã de Júlio Verne, como pode ser visto na página da USP. A obra de Verne mostra claramente que o escritor era um visionário, e o jovem Dumont, curioso e questionador. O fato do segundo ter lido a obra do primeiro leva-nos a crer que este serviu de inspiração àquele e, atrevemo-nos, a muitos outros.
Júlio Verne descreve com perfeição o funcionamento do telefone em Castelo dos Cárpatos; o submarino auto-suficiente Náutilus em Mil e uma léguas submarinas, entre tantas outras façanhas científicas que foram criadas depois de sua morte. A utilização de idéias pron-tas, como a obra de Verne pode servir de ponto de partida para inúmeras disciplinas, mas o objeto deste trabalho está, também, no resgate do que é nosso. Logo, primeiro buscamos guardar o que pode ser perdido, depois instigamos a curiosidade em nossos estudantes.

3.1 MITO, LENDA E PROPOSTA INTERDISCIPLINAR

A lenda do lobisomem é européia e conta que, da mulher que tiver sete filhas, o sétimo, se for menino, virá com a maldição da lua cheia, quando ele se transforma num animal semelhante a um grande lobo, mas que caminha nas patas traseiras e corre como um cão, tendo o corpo peludo. Quando ataca uma vítima, caso esta não morra, passa a transformar-se, também, em lobisomem. Volta ao normal ao cantar do galo, com as roupas rasgadas, o corpo cansado e gosto de sangue na boca, sem lembrar-se do que aconteceu.
Existe, no folclore, o termo licantropia para designar a maldição que recai sobre um homem quando este se transforma em lobisomem. A metamorfose não pode ser controla-da. Porém, uma doença mental em que o paciente acredita que se transforma em animal, é chamada de licantropia clínica para diferenciar-se da forma folclórica.
No Brasil, a lenda varia de acordo com a região e, certamente, chegou até nós a-través dos imigrantes europeus. Algumas versões variam. Há aquela em que dos casais com mais de sete filhos, o sétimo, se do sexo masculino, será lobisomem, se do sexo feminino, será bruxa. Outra diz que apenas o sétimo filho varão de um sétimo filho varão carrega a maldição.
Também há variações quanto à transformação. Umas dizem que a fera transforma-se numa encruzilhada, outras que acontecem quando este vê a lua cheia, e que deve procurar um cemitério antes do raiar do sol para voltar ao normal. Em algumas regiões, afirma-se que lobisomem tem preferência por atacar crianças não batizadas, daí a pressa dos pais pelo ba-tismo.
É pertinente, também, analisar o aspecto biológico através da hipertricose, uma doença rara que ocasiona o aumento e crescimento desordenado dos pelos do corpo, e que pode ser associada, na idade média, aos testemunhos de pessoas que avistaram a fera.
Além desses aspectos, o lobisomem é figura recorrente em diversos contos folcló-ricos. Como lenda cercada de superstição, constitui-se como personagem de obras literárias. Sua figura aparece na obra de J. K. Rowling na saga de Harry Potter, mas não apresenta os aspectos comumente conhecidos: a figura do lobisomem personifica o mal no folclore e no conhecimento comum; entretanto, encarna a figura de um homem que luta pelo bem, mesmo marginalizado e sendo objeto do medo da maioria das pessoas.
A lenda européia que ganhou nova voz na obra de J.K. Rowling e que aparece em nossa região pode dialogar com nossas lendas locais, ultrapassando fronteiras não apenas do diálogo, mas geográficas.
Ao resgatar as narrativas folclóricas, como a ‘Maldição do lobisomem’, Anexo A deste trabalho , podemos criar um acervo na própria escola, disponível para a consulta dos alunos. O trabalho de uns estará disponível para os outros, de modo que, mesmo não havendo uma publicação em livro, a narrativa não se perderá.
Entretanto, é necessário informar a existência de tal acervo e despertar o interesse dos demais alunos acerca da história. Pode ser utilizado em diversas disciplinas como ponto de partida para inúmeros conteúdos, como a Filosofia: a história é um mito ou uma lenda?
Os professores de Biologia/Ciências também podem utilizá-la, já que o estudo mostrou a origem do lobisomem residir em uma doença chamada hipertricose, que promove o crescimento desordenado dos pelos no corpo humano, registrada apenas em homens. Geogra-fia pode aproveitar para estudos, envolvendo a localização da incidência dos casos e matemá-tica, as estatísticas que envolvem o ‘aparecimento’ dos lobisomens. História pode registrar o desenvolvimento da incidência dos casos, a posição da sociedade – que também pode ser ex-plorado em sociologia ou ética, como tema transversal. Língua Portuguesa pode sugerir adap-tações e produções de roteiros para, na disciplina de Artes, serem encenados. Em Química, as reações que uma doença como a hipertricose pode desencadear no corpo e os fármacos utili-zados para combatê-la.
Assim, ‘A Maldição do lobisomem’ é apenas uma sugestão atrelada a um conto folclórico sulino, utilizado apenas como exemplo.
Tomando por base a afirmação de Todorov (apud CUNHA, 1997, pp. 71-96), po-demos assegurar que
A vida é dialógica por natureza. Viver significa participar de um diálogo, interrogar, escutar, responder, concordar, etc. Toda comunicação verbal, toda interação verbal se realiza em forma de uma troca de enunciados (grifos do autor), em forma de diálogo. Duas obras verbais, dois enunciados justapostos um ao outro, entram numa espécie particular de relações semânticas que chamamos dialógicas. As relações dialógicas são relações (semânticas) entre todos os enunciados no seio da comunicação verbal.
Assim, se dialogamos, interrogamos, escutamos, respondemos e concordamos, estaremos refletindo sobre o que é comunicado, logo, podemos discordar do que chega até nós, pois, "A compreensão é o cotejo de um texto com os outros textos", como nos diz Bakhtin, e “(...) O texto só vive em contato com outro texto (contexto)" (1992: 404).
Essa reflexão remete-nos a um novo caminho para ensinar, mostrando a possi-bilidade de despertar o interesse do educando.
O pensador russo Bakhtin também mostra um ângulo de análise pertinente a esse estudo através do cotejo, pois o pensamento do autor não se resume à dialogia e à polifonia.
O conceito de disciplina não pode ser de ordem hermética, mas como o eco de vá-rias vozes que ainda podem incorporar muitas outras, pois
Não existe nem a primeira nem a última palavra, e não existem fronteiras para um contexto dialógico. (...) Em qualquer momento do diálogo existem as massas enor-mes e ilimitadas de sentidos esquecidos que serão recordados e reviverão em um contexto e num aspecto novo” (Bakhtin, 1985).

Logo, essas fronteiras perpassam o que vem a ser o entendimento, mostrando que esse diálogo entre contextos pode tocar-se através das diversas disciplinas da grade curricular.
Então, as disciplinas não devem estar desconectadas umas das outras, pois concei-tos são intrínsecos, já que dizem respeito aos aspectos do que se deseja comunicar, ou perpe-tuar.
O cotejo toma emprestadas características, aspectos e informações que promovem a compreensão entre os textos, ou disciplinas, privilegiando os pontos em que estes se tocam, e as narrativas utilizam elementos interdisciplinares, percorrendo desde a localização geográfica até os cálculos matemáticos.
4 CONTOS JÁ RESGATADOS
O Brasil tem grandes folcloristas que pesquisaram sobre a cultura popular de suas regiões. Na obra Antologia do Folclore Brasileiro , figuram nomes de vários locais, como Ermano de Stradelli, italiano, que versa sobre as entidades indígenas, João Alfredo de Freitas, que narra as “legendas e superstições do Norte do Brasil” (p.53), Simões Lopes Neto, gaúcho, com o Negrinho do Pastoreio (p.86), entre tantos outros.
Em Santa Catarina, Franklin Cascaes foi um verdadeiro perpetuador do folclore. Todavia, sua obra limita-se ao ilhéu, abrangendo apenas a capital do Estado, Florianópolis. O autor viveu no sentido contrário aos ventos de seu tempo: quando todos buscavam a novida-de, Franklin Cascaes garantiu que a cultura de sua terra não caísse no esquecimento. Sua primeira obra artística e cultural foi apresentada em 1931, enfatizando o folclore açoriano.
O nome da Fundação Franklin Cascaes, mantida pela prefeitura de Florianópolis, é uma homenagem mais que justa àquele que dedicou sua vida ao registro da tradição popular, dos usos e costumes do povo ilhéu. Seu trabalho garantiu que se perpetuasse essa cultura cada vez mais ameaçada pelo ostracismo.
Câmara Cascudo legou-nos vasta obra, abrangendo diversos estados brasileiros, mas não contemplando o todo. Foi a partir da temática regional popular que abordou questões mitológicas dos diversos povos da Europa. Embora o autor não parecesse tencionar registrar os elementos folclóricos como o fez para preservá-los, mas para difundi-los, sua preocupação com a oralidade vem das histórias que ouviu do pai e mostra-nos, em sua obra, a importância da memória oral. Mas a obra de Câmara Cascudo é rara. De acordo com o Jornal da USP, um exemplar de Fabulário do Brasil só é encontrado no Real Gabinete Português de Literatura no Rio de Janeiro.
A obra de Monteiro Lobato, entretanto, traz a transformação de figuras folclóricas em personagens de suas histórias, extremamente ricas em cultura, de uma vastidão e qualidade inestimáveis. Entretanto, ainda há muito por fazer. Não é só possível, como também provável que muitas narrativas tenham se perdido. É necessária uma ação em todo nosso território para a preservação desta parte de nosso folclore, tão diverso.

4.1 A PRESERVAÇÃO LÁ FORA

Os autores britânicos Joanne Kathleen Rowling e John Ronald Reuel Tolkien são britânicos e suas obras abordam o imaginário popular conhecido onde viviam. Clive Staples Lewis, Irlandês, extremamente religioso como Tolkien, mostra, através das Crônicas de Nár-nia, uma metáfora sobre Jesus. Embora católicos, os dois autores emprestaram uma nova rou-pagem ao imaginário inglês, apresentando valores essenciais para a formação do caráter das pessoas. A despeito de suas convicções religiosas, os autores não permitiram que elementos e figuras folclóricas de sua cultura se perdessem, mas trouxeram uma proposta de perpetuação desses elementos através de novas histórias.
Rowling, com a saga de Harry Potter, ilustra as dúvidas, medos e problemas de uma criança que, na medida em que os livros foram sendo publicados, cresceu e desenvolveu-se com seus leitores.
O fenômeno Harry Potter, pela vendagem e sucesso, mostra a importância e o in-teresse que ainda existem por esses elementos. As facilidades tecnológicas só ajudaram a obra, pois os jogos eletrônicos podem facilmente simular o vôo de uma vassoura ou outros truques e magia.
A obra de Tolkien foi um resgate do imaginário pautado por extensa pesquisa das raízes linguísticas. A história do anel, na íntegra, é contada em cinco livros: O Silmarillion, que descreve a criação do mundo vista pelos antigos povos do norte europeu; O Hobbit, onde o anel aparece pela primeira vez; O Senhor dos Anéis – A sociedade do anel, que narra a luta para destruir o anel e com ele o mal; As duas torres - segundo livro da trilogia aponta os infortúnios e dificuldades para a destruição do anel e o ganho de forças que o mal tem durante tanto tempo; O retorno do Rei, livro que conclui a história conta, como o título sugere, do retorno de Aragorn, legítimo herdeiro do trono, ao governo de seu povo e suas terras.
Na trilogia descrita acima, a lula gigante no lago, a presença do caráter maravilho-so, a própria figura de Gandalf, todos se confundem com personagens da saga de Harry Pot-ter. Os elementos são recorrentes e as figuras dos magos Gandalf e Dumbledore apresentam não apenas semelhanças físicas, mas psicológicas.
O mesmo ocorre com a obra de Lewis. Composta por sete contos, dentre os quais O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, também já transposto para o cinema e o mais conhe-cido, também guarda semelhanças com a obra da escritora de Harry Potter. Tomando-se o primeiro conto como exemplo, o personagem Digory de O sobrinho do Mago também é en-contrado em vários livros da saga de Potter, sendo assassinado em O cálice de fogo. A menina, Polly, tem um nome e uma sonoridade muito semelhante ao nome de batismo da Sra. Weasley, Molly. E, principalmente, as características psicológicas destas personagens, onde a moral, a bondade e o empenho pelo bem estão profundamente presentes.
Mas não foram encontrados registros da utilização destas obras como ponto de partida para o estudo de outras disciplinas. Seria bastante interessante calcular, na disciplina de Física, a trajetória de uma flecha disparada por um elfo. Ou mesmo a possibilidade de so-brevivência do Mago Gandalf depois de sua queda com o Balrog nas Minas de Moria. A pro-posta interdisciplinar parece ser, portanto, pioneira.

5 A RESISTÊNCIA À LITERATURA
A literatura tem origem nas narrativas que fazem parte da cultura dos povos. Pri-meiramente difundindo a cultura de forma oral, passando pela fase em que os monges copistas eram encarregados de copiar os livros, foi consolidada a partir do advento da imprensa.
Pode-se afirmar que a literatura é uma transcrição quase radiográfica de épocas vividas por uma sociedade, pois mesmo sendo obra da imaginação do escritor, sua ambienta-ção reflete determinado período, por vezes o vivido por aquele que escreve. Mas, em se tra-tando de narrativas das quais as origens se perdem no tempo e na história, sendo impregnadas pela superstição, como as lendas, e das quais se desconhece o autor, caracterizamo-la como parte do folclore, ou como mitos, segundo a ideia que expressam.
Imaginemos, então, alunos com acesso não apenas à informação de massa, mas a tecnologia de ponta, vendo-se obrigados a ler principalmente obras consagradas. A experiência em sala de aula mostra que a rejeição por parte dos alunos a essa disciplina é bastante grande, onde boa parte deles prefere apenas assistir ao que já está disponível em mídia televisiva ou à leitura de resumos. O que nos propomos, portanto, no item 2.1.1, é apresentar a literatura como base para uma problematização. Desta forma, indo ao encontro do que sugerem os PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais busca-se despertar no aluno a curiosidade e o gosto pelo descobrimento.
Os caminhos a percorrer podem ser muitos, mas a rejeição que estudantes ofere-cem à Literatura pode ser amenizada caso ela permeie outras disciplinas, e essas podem tornar-se mais atraentes ao abordar outros temas, outros conteúdos.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os inúmeros recursos tecnológicos disponíveis na atualidade tornam o ensino atual pouco atraente para os estudantes. Com a facilidade em encontrar o que quer que seja através da rede mundial de computadores, escolas com recursos limitados tornam-se ainda menos atrativas.
Contudo, a curiosidade ainda é característica inerente aos estudantes e é possível, ao despertá-la, desenvolver com maior facilidade o trabalho em sala de aula. Este trabalho buscou, através da Literatura Fantástica e privilegiando a figura do lobisomem, sugerir pro-postas de estudo em diversas disciplinas.
Ora, se para LUFT (2001, p. 209) a cultura é o “conjunto de experiências humanas (conhecimentos, costumes, instituições, etc.) adquiridas pelo contato social e acumuladas pelos povos através dos tempos”, é pertinente resgatar os contos para preservar a cultura, pois para XIMENES (2001, p. 444), o folclore é o “conjunto de tradições, conhecimentos e crenças de um povo, expressas em seus usos, lendas, canções, provérbios, etc”. Assim, essa cultura popular precisa ser resgatada, pois o avanço das sociedades esquece tradições, transforma conhecimentos e adota outras crenças ou abandona as antigas. Portanto, faz-se necessário o resgate e o registro, também, através de uma nova perspectiva que adapte o folclórico e o novo ou o folclórico ao novo, enfatizando uma nova proposta de ensino-aprendizagem.
Dessa forma, para atingir plenamente os objetivos desse trabalho, não foi realizada apenas a investigação dos contos orais, mas uma proposta interdisciplinar como eixo nor-teador.
Sugerimos, portanto, que o assunto, longe de ter-se esgotado aqui, venha a ser ob-jeto de outros trabalhos, pois há espaço para diversos estudos.
REFERÊNCIAS

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.

______. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

______. Problemas da poética de Dostoiévski. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1981.

CASCUDO, Luís da Câmara. Antologia do Folclore brasileiro. São Paulo: Martins, 1965.

CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Ática, 2001.

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ANEXO A: A CURA DO LOBISOMEM

A lenda conta que um rapaz, filho de uma velha senhora, moradores do bairro de Congonhas, era lobisomem. Ele quase não saía do sítio onde morava, mas apaixonou-se por uma bela mo-radora da região. A família não aceitava o envolvimento dos dois, mas, sob a ameaça de fugir para morar com o rapaz depois que a mãe deste faleceu, a família concordou com o casamento, que se realizou na casa da moça. Os moradores do bairro atribuíam a ele a transformação em lobisomem nas noites de lua cheia, inclusive organizando expedições de busca, que nunca iam muito longe, para caçar o bicho. Entretanto, depois do casamento, as aparições do lobisomem não aconteceram mais, nem os animais foram atacados. Os moradores acreditam que o amor da esposa e uma receita para curar o rapaz, que exige muita coragem, foram as responsáveis pela resolução do problema. A receita fora ensinada por uma viúva que vivia num povoado distante. É preciso espetar o coração do lobisomem, durante a transformação, com um espinho de laranjeira, dentro de um cemitério. Depois de curar o marido, o casal muda-se do povoado e nunca mais se tem notícias deles.




por Elita de Medeiros em http://www.webartigos.com



Fonte: http://www.webartigos.com/articles/57301/1/O-FANTASTICO-E-A-CULTURA-LITERATURA-COMO-PONTO-DE-PARTIDA-NO-PROCESSO-DE-ENSINO-APRENDIZAGEM-E-PARA-DESPERTAR-O-INTE-RESSE-PELO-CONHECIMENTO/pagina1.html#ixzz1CZB6yUFH


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