Quatro etapas para trabalhar danças na Educação Física
Mapeamento, aprofundamento, ampliação e ressignificação dos conhecimentos são fases essenciais no ensino de atividades rítmicas e expressivas
Elisa Meirelles
EXPRESSÃO CORPORAL
Reportagem
Dança na escola: uma educação pra lá de física
Planos de aula
Conhecer danças na Educação Física
Elementos da dança
A dança é uma forma de expressão corporal. Por meio de coreografias, os alunos aprendem a interpretar gestos e a conhecer diferentes ritmos. Todo esse aprendizado deve fazer parte do planejamento da Educação Física, como preveem os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) - assim como os esportes, as lutas e a ginástica.
Para realizar um bom trabalho, é importante ir além da velha e conhecida fórmula: mostrar à turma uma coreografia pronta, ensaiá-la e apresentá-la. "Quando as danças são trazidas para a Educação Física, deve haver um estudo sobre elas", explica Marcos Garcia Neira, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).
Mais do que colocar a turma para se mexer, é preciso refletir sobre os diferentes tipos de dança, apresentar novos gêneros e permitir que os alunos criem passos próprios. "Cabe à disciplina proporcionar experiências que viabilizem práticas significativas com as danças presentes no universo cultural próximo e afastado", aponta o artigo As Danças Folclóricas e Populares no Currículo de Educação Física: Possibilidades e Desafios, escrito por Neira e pela professora Silvia Pavesi Sborquia, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Ou seja, é preciso extrapolar o que é conhecido pelas crianças, aproveitando suas vivências para apresentar novas referências.
Quatro etapas não podem ser esquecidas: mapeamento, aprofundamento, ampliação e ressignificação (veja a sequência didática). Veja como colocá-las em prática a seguir.
1 Mapear e registrar os saberes prévios, com a turma
Uma boa maneira de iniciar o trabalho é mapear a cultura corporal dos alunos. É importante conversar com a moçada para conhecer as músicas e danças de que eles gostam e que conhecem. Esse levantamento serve como ponto de partida para planejar as aulas. As danças apreciadas pelos alunos não devem ser ignoradas: manifestações trazidas por imigrantes ou exibidas pela televisão e lengalengas, que combinam gestos ritmados à música, pertencem à rica gama de manifestações da cultura corporal e podem servir como base do trabalho.
Aprofundar o conhecimento, rumo a novos saberes
Com base na sondagem, é possível investigar os conhecimentos da turma. Questionar os alunos a respeito do percurso histórico das danças mencionadas, perguntar quem são as pessoas que participam e o que pensam sobre ela são boas maneiras de conduzir a conversa. "Há que se colocar o tema em discussão e fazer relações com a vida", explica Neira. Assim, é possível caminhar em direção a uma cultura mais ampla, que encare as produções corporais como uma dimensão cultural intrínseca ao corpo.
O repertório dos alunos foi o gancho para discutir a oposição entre música popular e erudita. "A ideia era mostrar que as referências culturais trazidas de casa têm valor", explica ele. Os alunos puderam entender as origens de canções familiares e os aspectos da cultura presentes nelas.
Ampliar o repertório e refletir sobre a diversidade
Além de aprender mais sobre danças conhecidas, é essencial avançar e conhecer novos ritmos. Será que existem outros grupos com danças semelhantes às nossas? Elas têm relação? E o que difere umas das outras? Perguntas como essas tendem a aguçar a curiosidade da moçada e são um chamariz para pesquisas sobre as diferentes práticas de nossa cultura corporal.
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